Monday, December 30, 2013

Rosé da Quinta da Ribeirinha, na Barra do Dande

Passeio gastronómico em Angola

Barra do Dande - Angola
Existem muitos e bons locais para se poder comer um bom peixe ou marisco, tanto em Luanda, como nos seus arredores.

No entanto, se a opção for dar um passeio e sair, mantendo-nos junto à costa para apreciar a paisagem marítima, ou para dar um mergulho, podemos optar por rumar a norte, até à Barra do Dande ou mesmo Ambriz, ou seguir para sul, até Sangano ou Cabo Ledo, localidades alcançáveis em tempo útil.

Num dia em que me apeteceu andar uns quilómetros e conhecer melhor os arredores de  Luanda, segui o conselho de um amigo e desloquei-me até à Barra do Dande, com o objectivo de comer um qualquer grelhado de peixe ou mesmo lagosta, em ambiente descontraído e popular.

Nome familiar, vinho familiar

Empregada do Restaurante Maria Lima
Na Barra do Dande existem muitos restaurantes, todos de aspecto mais ou menos popular, mas limpo, tanto quanto um espaço ao ar livre o pode ser.

Optei por um dos últimos, precisamente aquele que me permitia ver a foz do rio e a azáfama dos pescadores que entravam e saíam da barra, assim como as brincadeiras dos garotos nas águas do Dande.

A primeira coincidência foi perceber, através das t-shirts dos empregados, que o restaurante se designava por Maria Lima, o nome de um familiar próximo.

Como a minha opção acabou por recair num fresquíssimo linguado, que parecia do tamanho adequado ao meu apetite, solicitei à empregada que me indicasse os vinhos brancos ou rosés que tinha disponíveis, numa carta que adivinhei muito curta.

A segunda surpresa foi a sugestão da empregada, que recaiu num rosé. Não por ser uma proposta desconhecida ou desadequada, mas por ser produzido pela Quinta da Ribeirinha, cuja adega se situa a curta distância da minha residência em Portugal.

Rosé da Quinta da Ribeirinha

Rosé da Quinta da Ribeirinha
O rosé da Quinta da Ribeirinha é um D.O.C do Tejo, produzido a partir da casta Tinta Roriz e que estagiou dois meses em cascos de carvalho americano.

Segundo as suas notas de prova, “é intenso no aroma, é um vinho frutado, com notas a frutos vermelhos e pêssego, de final macio e persistente”.

A geleira, do restaurante Maria Lima, permitiu que o vinho se apresentasse na temperatura certa, uma vez que se deve consumir perto dos 12ºC e a combinação com peixe grelhado angolano revelou-se perfeita.

Não será pois de estranhar que após almoço tão agradável, num local muito particular e no meio de tantas coincidências, tenha ficado a certeza de que o rosé da Quinta da Ribeirinha passaria a integrar a minha lista de opções e de recomendações.

Em dia quente, na frente de um bom peixe grelhado, experimente o rosé da Quinta da Ribeirinha e diga-me se concorda, ou não, com a minha opinião.

À sua saúde!

VL

Dezembro | 2013

Monday, December 9, 2013

Vinhos do Dão, mais uma excelência da Beira Alta

Cabriz Tinto, Colheita Selecionada 2010

Cabriz Tinto, Colheita Selecionada 2010
Cabriz Tinto, Colheita Selecionada 2010
Mais uma visita ao interior de Angola e apresentaram-nos um excelente vinho português, da Denominação de Origem Controlada do Dão, do produtor Quinta de Cabriz, da Global Wines / Dão Sul: o Cabriz Tinto, Colheita Selecionada 2010.

É um vinho produzido com castas Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alfrocheiro, da responsabilidade do enólogo Osvaldo Amado, por sinal, de nacionalidade angolana. Com seis meses de maturação em barricas de carvalho francês, um teor alcoólico de 13%, refere-se nalgumas crónicas dos apreciadores que apresenta um aroma com impacto, boa fruta, juventude e suavidade, terminando “com alguma persistência.”

Sendo sugerido como bom acompanhante de “uma grande variedade de pratos de carne, especialmente grelhados, “carnes vermelhas, caça e queijos” e a ser consumido a uma temperatura entre os 16 e os 18º C, nós tínhamo-lo a acompanhar umas costeletas de cebolada e com uma temperatura que nos soube bastante bem. Se não na recomendada, pelo menos, a não fugir muito dela.

Um ribatejano, um transmontano e um alentejano, bebem um Dão e é proibido falar dos “seus” vinhos. Só se fala de Dão e vale pesquisar.

Dão Sul na vanguarda do setor vitivinícola português

A Global Wine / Dão Sul, iniciou-se com a missão de divulgar os vinhos do Dão, tanto a nível nacional, como internacional. 

Rapidamente alargada para outras regiões vitivinícolas, apresenta-se hoje com várias quintas em produção, entre a Região dos Vinhos Verdes (com a Quinta de Lourosa), o Dão (com a Casa de Santar, Paço dos Cunhas de Santar e Grilos), o Douro (com a Quinta das Tecedeiras e Sá de Baixo), a Bairrada (com a Quinta do Encontro), a Estremadura (com a Martim Joannes Gradil) e o Alentejo (com a Herdade Monte da Cal).

Dessas quintas, para além dos bons queijos, azeites e vinagres de indiscutível qualidade, saem excelentes vinhos, muitos deles premiados e publicamente reconhecidos, tanto a nível nacional como internacional. Muitas têm sido as distinções atribuídas aos vinhos da Global Wines / Dão Sul. Enunciá-las todas, daria um artigo único. Assim, destacamos apenas algumas delas.

“Escolha da Imprensa 2013”, atribuída na feira de novembro, “Encontro com o Vinho e Sabores”, aos Espumantes Condessa de Santar 2010 e Encontro Special Cuvée 2010. A atribuição feita pelo Guia de Compra, de 90 pontos ao Casa de Santar Tinto 2010, edição da prestigiada revista “Wine Spectator”. Medalha Grande Ouro atribuída ao Cabriz Encruzado, Branco 2012. Distinção “Grandes Tintos do Dão”, da revista “Paixão pelo Vinho”, para os Cabriz Four C, DOC Tinto 2009 e Paços dos Cunhas de Santar, Vinha do Contador, DOC tinto 2008. Medalhas de ouro no Concurso Mundial de Bruxelas de 2012 (Cabriz Colheita Seleccionada Branco 2011) e no Concurso Bacchus 2012 (Cabriz Colheita Seleccionada, tinto 2009 e Grilos Tinto 2009). Casa de Santar Reserva Tinto 2007, o Melhor Vinho em Business Class (TAP), 2011.

Do outro lado do Atlântico (no Brasil) a Dão Sul também está presente, num projeto iniciado em 2002, o Vinibrasil, no Vale de S. Francisco, região do sertão nordestino, uma zona de produção de vinho onde predominam as castas Cabernet Sauvignon, Syrah, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinto Cão, Vinhão, Tanat e Malbec, produzindo-se vinhos de excelente qualidade, de que são exemplos, o “Rio Sol”, o “Paralelo 8” e o “Vinha Maria”.

Com tintos, brancos, rosés e espumantes, para além da especialíssima Bagaceira Cabriz, a Global Wines / Dão Sul, faz honra à missão que lhe está subjacente e exporta os seus vinhos para grande parte da Europa, a América do Norte, América do Sul, Ásia, África e Médio Oriente. Até aqui, no interior de Angola onde, casualmente, nos encontramos agora.

O milenar vinho do Dão

Antes da partida dos portugueses para a conquista de Ceuta, foi servido vinho do Dão nos luxuosos festejos organizados pelo Infante D. Henrique em Viseu.” (Site Infovini).

Região Demarcada do Dão
A região vinícola do Dão, situa-se na Beira Alta, no centro Norte de Portugal. Uma área onde cerca de quase 20.000 hectares de vinhedos se desenvolvem a uma altitude que varia entre os 400 e os 700 metros, abrigada dos ventos pelas serras circundantes do Caramulo, Montemuro, Buçaco e Estrela e onde se produzem vinhos de excelente qualidade.

Como em praticamente todo o mundo, as vinhas da região do Dão eram desenvolvidas na Idade Média pelo clero. Muito gostavam deste tal néctar os monges e os padres!

Em 1908, a região era demarcada (a segunda em Portugal, a seguir à Região Demarcada do Alto Douro). 

Atualmente, com seis sub-regiões (Besteiros, Silgueiros, Castendo, Terras de Senhorim, Terras de Azurara, Alva e Serra da Estrela), apresenta uma grande diversidade de castas, onde predominam, as tintas, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro e Jaen e, as brancas, Encruzado, Bical, Cercial, Malvasia Fina e Verdelho. Os seus tintos são “bem encorpados, aromáticos e podem ganhar bastante complexidade após envelhecimento em garrafa” e os brancos “são bastante aromáticos, frutados e bastante equilibrados”.

Dão, uma região vinícola e gastronómica a visitar

Afamadas, as três rotas definidas do Vinho do Dão, são algo a não perder. 

Rotas do vinho do Dão
Rotas do Vinho do Dão
Uma primeira rota, que abrange Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, Mortágua, Santa Comba Dão, Tondela e Viseu, uma segunda que abrange Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, Lourosa, Nelas, Santar, Tábua e Viseu e ainda uma terceira que abrange Cepões, Mangualde, Penalva do Castelo, Sátão e Viseu. Uma visita em grande! Como dizia José Saramago, “tudo nestas paragens são grandezas.”

Bom, depois da amena conversa sobre esta região vitivinícola portuguesa, no meio de umas taças do tão saboroso Cabriz Tinto, Colheita Selecionada 2010, um último brinde.

À vossa saúde!

JB

Principais Fontes:
Suplemento do Diário Económico Nº. 5519, 27/09/2012, “Quem é quem nos vinhos em Portugal”.