Wednesday, October 30, 2013

Porque pode haver diferenças no consumo de um vinho

Emparelhar vinho e comida

Já lhe aconteceu um vinho que o tinha impressionado, não lhe ter agradado tanto numa segunda experiência?

As razões para tal acontecer são inúmeras, muitas delas relacionadas com o seu estado de espírito, com o ambiente em que o consumo ocorreu, ou ainda com  a companhia com quem partilhou a experiência.

Para tornar as coisas mais fáceis, vamos afastar as razões emocionais e tentar identificar outras razões para tal ter sucedido, socorrendo-nos das regras sobre como emparelhar vinho e comida, reforçadas por aquilo que os especialistas dizem sobre o assunto.

Devemos combinar sabores contrastantes ou complementares?

Os especialistas dividem-se em relação a este tema. Uns defendem  nas suas combinações propostas complementares, outros defendem propostas contrastantes.

Assim, podemos encomendar vinho que contraste ou que complemente o sabor da comida. Por exemplo, um vinho doce pode contrastar com o salgado de um pacote de batatas fritas ou pode amaciar o gosto intenso do queijo.

Admitindo que não tem ideias fixas em relação a este tema, lembre-se da combinação que seguiu na degustação de um vinho que lhe tenha agradado, porque caso a tenha alterado poderá ter sido essa razão para a menos boa experiência.

Que combinações devemos fazer com peixe e com carne?

Uma regra antiga, que todos conhecemos, é a de que com peixe vão melhor os vinhos brancos e com carne combinam melhor os vinhos tintos. Em Portugal abria-se uma excepção para o bacalhau, que tanto podia ser acompanhado por vinho branco ou vinho tinto.

Esta regra será sempre útil para quem não tenha um conhecimento profundo sobre o tema e pretenda ter voz activa na escolha do vinho que vai ser feita por si ou por um grupo de amigos.

No entanto, as coisas alteraram-se nos últimos anos e alguns especialistas não seguem as regras rígidas de vinho tinto com carne e vinho branco com peixe. 

Assim, terá que se lembrar de qual a combinação que fez quando consumiu o vinho que o tinha impressionado e se a alterou no momento do consumo posterior.

A que temperatura o vinho deve ser servido?

Uma regra antiga e simples de memorizar é a de que o vinho deve ser consumido à temperatura ambiente do local onde nos encontramos, assumindo-se que os brancos devem ser consumidos a temperaturas inferiores às dos tintos.

Para o conseguir, outra regra simples consiste em retirar o vinho branco do frigorífico 15 minutos antes de ser consumido e o vinho tinto ir para o frigorífico 15 minutos antes da sua degustação. Neste último caso, o vinho pode ser sempre aquecido pela nossa mão, se estiver um pouco abaixo da temperatura da nossa preferência.

Também a temperatura do copo pode influenciar, assim como a duração da refeição, uma vez que o vinho pode ir aquecendo, naturalmente, no decorrer da mesma.

No entanto, segundo os especialistas, consumir à temperatura ambiente nem sempre é uma boa referência, isto porque ao longo do ano as temperaturas ambientes sofrem alterações e porque se pode alterar também o ponto do mundo onde o vinho está a ser consumido.

Lembra-se da temperatura a que consumiu o vinho que lhe despertou a atenção pela primeira vez? Caso tenham existido alterações, poderá ser essa a razão para as diferenças que sentiu nos consumos seguintes.

Combinação varia com o ponto do globo onde se consome?

Uma regra simples será analisar como os locais combinam os vinhos com os seus pratos tradicionais e imitar as suas escolhas, dado que o método de preparação e os molhos são factores importantes que influenciam o nosso palato.

Recorda-se da região do mundo onde consumiu o vinho? Poderá ser esta outra das razões para a apreciação menos favorável nos consumos subsequentes.

Comida leve ou pesada influencia a escolha do vinho?

Um princípio a seguir, em casos extremos, é que vinhos tintos encorpados vão melhor com as refeições mais pesadas, enquanto os brancos combinam melhor com comidas mais leves.

Para tornar tudo mais claro, um cozido à portuguesa é uma comida pesada, quando comparada com  uma sopa vietnamita, que será considerada leve.

No entanto, ter em atenção que os especialistas lembram que as questões culturais podem  pôr em causa este princípio.

Lembra-se do tipo de refeição que combinou com o vinho que o impressionou da primeira vez que foi consumido? Esta poderá ser mais uma razão para não ter gostado tanto na segunda vez.

Conclusões

Como ficou claro, podem haver diferenças no consumo de um vinho que anteriormente experimentámos, caso não se consigam replicar as exactas condições do consumo anterior.

No entanto, na esmagadora maioria dos casos, um bom vinho será sempre um bom vinho, por muitos erros que se possam cometer na sua degustação.

Uma segunda conclusão, que podemos tirar, é a de que combinação certa de vinho e comida, especialmente para iniciados na matéria, é uma tarefa difícil, devido à enorme lista do que se pode e não se pode fazer, aliada ao facto de existir a ideia de que a transgressão de uma destas regras poder ser ridicularizada pelos entendidos, nomeadamente pelos especialistas existentes nos restaurantes para apoio aos clientes.

Mas, honestamente, combinar vinho com comida não é necessariamente um problema.
É tudo uma questão de preferência pessoal e esta é essencial.

Podem existir combinações famosas e outras mais populares, mas no fundo, quem está a comer é você e a combinação tem apenas que ser apelativa para o seu palato.

À sua saúde!

VL

Outubro | 2013

2 comments:

  1. Replies
    1. Obrigado. Continue a seguir-nos e faça-nos chegar as suas sugestões e comentários.

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