Monday, August 26, 2013

Bom vinho, em terra de boa água


À descoberta de vinho transmontano 

Tenho por hábito, quando viajo, experimentar os produtos gastronómicos das regiões que vou visitar, escolhendo restaurantes locais que selecciono previamente, recorrendo a opiniões de amigos que por lá anteriormente passaram, ou a pesquisas na internet.

Vinha da Quinta de ArcossóDou tanta importância à componente gastronómica do passeio, como às feiras e festividades, quando existem, às visitas a monumentos e museus, ou ao usufruir de alguns momentos de tranquilidade, nesses locais, enquanto se saboreia um café acompanhado de um qualquer doce regional.

Recentemente, um passeio com amigos levou-me até ao Vidago, numa rota pelas reputadas águas da região, cuja frugalidade resolvemos combater com incursões pela boa carne barrosã e pelos enchidos e presuntos transmontanos. Quanto ao vinho, partimos com espírito de descoberta!

Achamento do vinho da Quinta de Arcossó

Foi logo no primeiro jantar no Vidago, que à habitual pergunta sobre quais os vinhos da região que recomenda, recebemos do empregado a indicação de que deveríamos escolher os vinhos da Quinta de Arcossó, a qual não distava muito do local onde nos encontrávamos.

Depois de analisadas as opções existentes, de seleccionada a ementa e tendo em atenção a elevada temperatura desse princípio de noite, optámos pelo Branco Reserva 2010, que nos surpreendeu pelos aromas e sabor frutado que todos reconhecemos permaneceu elegante e longamente na boca.

Apesar de ter uma percentagem de 20% de Moscatel Galego Branco (as restantes castas são 40% de Arinto, 20% de Côdega de Larinho e 20% de Alvarinho), esta casta não fica excessivamente presente no sabor do vinho, o que no meu caso considero positivo.

No almoço do dia seguinte, em Boticas, voltámos a ser aconselhados a escolher vinho da Quinta de Arcossó, tendo a nossa opção recaído no rosé, um excelente vinho, de cor invulgar,
elaborado a partir das castas Bastardo (90%) e Touriga Franca (10%).

Visita guiada à Quinta pelo proprietário

Prova de vinho da Quinta de ArcossóEmbalados pela curiosidade, pensámos  fazer uma visita à vinha cujas particularidades únicas foram sendo reveladas à medida que pesquisávamos: solo granítico, inclinação de 20%, 400 metros de altitude, encosta voltada a sul e de exposição convexa.

Foi com facilidade que chegámos ao contacto com o actual proprietário, que muito amavelmente nos esperou à entrada da vila de Arcossó, para nos conduzir à sua vinha e nos foi elucidando sobre a ancestralidade da produção de vinho na região, sobre as vantagens das características únicas do terreno e sobre o seu processo de produção de vinhos inteiramente artesanal.

Na adega, fomos provando, sempre com agrado, os diversos vinhos produzidos na Quinta, acompanhados pelas explicações pormenorizadas do Sr. Amílcar sobre as características dos mesmos, alguns ainda ausentes no circuito comercial.

Os tintos, que ainda não tínhamos experimentado, revelaram-se à altura dos brancos e rosés, especialmente o Tinto Superior Bago-a-Bago 2008 e o Tinto Reserva 2007.

Regresso com mala cheia

Como tudo o que é bom acaba depressa, os três dias que permanecemos na região do Vidago, esgotaram-se rapidamente, ficando, para memória futura, os momentos de convívio e as experiências com a gastronomia da região, apenas negativamente interrrompidos pelos sinais dos fogos que assolaram Boticas.

Sobre a nossa opinião acerca dos vinhos da Quinta de Arcossó, quer brancos, quer tintos, quer rosés, apenas podemos dizer que, enquanto estivémos na região, não mais precisámos de sugestões para escolha de vinhos e que, para prevenirmos eventuais dificuldades em os encontrar, na região de Lisboa, regressámos com a mala do carro cheia de caixas de todas as variedades.

Vinho da Quinta de Arcossó
Se não conhece os vinhos da Quinta de Arcossó, aproveite a próxima viagem à região de Vidago para fazer a prova. Vai ver que, como nós, não se vai arrepender!

VL

Agosto | 2013

2 comments:

  1. Acabei de ler mais esta simpática opinião sobre a gastronomia e os excelentes vinhos portugueses. Não posso deixar de me manifestar, desta vez, tendo por base um texto que achei muito interessante, retirado dum livro que estou a ler (passo a referência), “Um Cérebro Sempre Jovem”, do autor Tony Buzan (2007).
    A páginas 169, tem um trecho intitulado: “Vinho Tinto, Tinto!”. Não vou transcrever todas as 18 linhas mas, diz o autor, não é que recentemente, “diversos neurocientistas apregoavam os benefícios do vinho tinto, ou, melhor, de um ingrediente-chave do vinho tinto designado «resveratrol»”? (Que nome esquisito!). E que diversos estudos “mostram que o “resveratrol” é um antioxidante, que protege as células contra os radicais livres”. Outros que mostram que o mesmo “resveratrol” pode “estimular o rejuvenescimento das células nervosas”, acabando por dizer que “um grupo de investigadores sugeriu que um copo, ou dois, de vinho por dia poderia aumentar o número de ligações neuronais”, podendo “ainda proteger-nos contra a doença de Alzheimer.”?
    Ora aí está o que me faltava saber para continuar a apreciar tão delicioso néctar!
    Lembro-me do meu querido e falecido pai. Bebia um pouco mais dos tais um, ou dois copos, recomendados, é verdade. Um dia, pouco tempo antes de falecer, dizia-me: “Zé, eu tinha a mania que ia acabar com o vinho, mas ele é que acabou comigo!”
    Levado da curiosidade, entrei no Google e escrevi o tal “resveratrol”. 5.350.000 resultados. Uma alegria!
    É importante, esta coisa! Só no site da wikipedia diz que, afinal, esse tal de “resveratrol”, “encontrado nas sementes das uvas”, tem “interesse para a saúde humana”, diminui a formação do “LDL” o tal “colesterol ruim” (que se lixem os nomes pomposos desta coisa), “favorece a produção do “HDL”, o tal “colesterol bom”, diminuindo o risco do desenvolvimento de doenças cardiovasculares, previne o câncer, aumenta a expetativa de vida…
    Se o meu pai tivesse sabido destas vantagens todas, tinha mesmo acabado com o vinho, ahahah.
    Abençoado vinho!
    Calma. Vou beber uma taça.
    À vossa saúde…
    JB

    ReplyDelete
  2. Tenho pena de não o poder acompanhar no brinde que nos fez, mas infelizmente a tecnologia ainda não chegou a esse ponto.
    Temos verificado o seu interesse pelos temas que publicámos(vinho e gastronomia) no blog, pelo que o convido a juntar-se a nós, enviando-nos textos, para publicação.
    Estamos a investigar a dica que nos deu sobre o vinho branco José Guilherme, mas ainda não escrevemos nenhum post porque temos que consumir o vinho primeiro, para depois nos pronunciarmos :).
    Claro que não duvidamos da sua opinião, só não queremos é perder a oportunidade de fazer mais essa experiência :).
    Um abraço,

    Equipa Tipsaboutwine
    tipsaboutwine@gmail.com

    ReplyDelete