Tuesday, August 6, 2013

Vinho tinto com 17 graus


Um fenómeno do Douro 
 

Num fim de semana do ano passado, fui almoçar com uns amigos a um restaurante no Algarve que tem uma excelente garrafeira.

Quando observava as prateleiras de vinhos do Douro, chamou-me a atenção, em particular, uma garrafa. Para além da elegância do design, surpreendeu-me a graduação: 17 graus!

Confesso que desconhecia que fosse permitido engarrafar e vender vinho com essa graduação e, ainda, que fosse possível bebê-lo sem subverter todos os sentidos.

Não experimentei esse vinho ao almoço por razões de segurança. Afinal estava a 250 Km de Lisboa e queria chegar a casa sem percalços.  

Mas a curiosidade sobrepôs-se ao bom senso e decidi comprar duas (faço aqui uma confidência: compro sempre 2 garrafas do mesmo vinho. A segunda permite-me confirmar o diagnóstico da primeira!). 

Decidi guardá-las para beber na noite de Natal. Se a coisa desse para o torto estava a 5 metros da cama … 

Partilhei essas garrafas com o meu cunhado e o meu sobrinho e o resultado foi uma surpresa: o vinho revelou-se equilibrado, fresco e sedoso, não encontrando os 17 graus. 

No que se refere aos tão temidos efeitos colaterais, também não nos pudemos queixar. Os estragos não foram superiores aos de Natais anteriores, com vinhos mais meigos. Todos conseguimos chegar e subir para a cama, dormir que nem uns anjos e levantarmo-nos no dia seguinte, bem dispostos, a perguntar se havia mais vinho do mesmo para o almoço. Infelizmente não havia.

Pois este fenómeno está no mercado como Bafarela 17 Grande Reserva 2008.

Há coisas na vida por que vale a pena correr riscos.

MF

Agosto | 2013

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