Monday, September 30, 2013

Ribatejo, sempre uma boa opção gastronómica e vinícola

Festival de gastronomia à porta

Ao aproximar-se mais um dos grandes eventos culturais de Portugal, em termos gastronómicos, vem-nos mais uma vez à memória a excelência da cozinha portuguesa.

Recordamo-nos dos afamados vinhos, dos espirituosos, licorosos e portos mas, também, dos deliciosos enchidos, queijos e presuntos, dos frescos mariscos, dos inconfundíveis sabores dos pratos de carne e de peixe, toda a doçaria, a fruta, o pão, as azeitonas, etc., etc. Um oceano infindável de sabores, mais que agradáveis: divinais!

De 25 de outubro a 3 de novembro, tudo nos delicia. Do Minho e Trás-os-Montes ao Algarve, dos Açores à Madeira, são 10 dias de virtuosos momentos gastronómicos – e não só -, de grande nível internacional. É o 33º. Festival Nacional de Gastronomia de Santarém.
Desde 1981 que Santarém nos brinda com esta majestosa tribuna de boa gastronomia, vinda de todo o país e, por vezes, de alguns países lusófonos, tal como Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, não esquecendo os nossos hermanos da vizinha Espanha.


Hoje, embora sem perder a tradição do que era, tudo é sofisticado, se comparado com aqueles primeiros anos, em que nos sentávamos em fardos de palha, que também serviam de mesa e onde, nalguns casos, comíamos nos espaços das boxes das desativadas cavalariças. Era tudo tão diferente, mas muito bom, de tal forma que, quando acabava, estávamos sempre ansiosos que o próximo festival viesse rapidamente. Já na altura sabíamos que era um evento para durar anos e anos e sempre cada vez melhor. A prova, aí está. É só dar um pulinho à Casa do Campino em Santarém e certificarem-se cada um por si só.

Vinho dos Deuses

Há dias, num outro post deste blogue, fez-se uma referência aos "Deuses do vinho", às suas lendas e à ancestral ligação do vinho com a divindade.

Nessa continuidade e já que é do Festival Nacional de Gastronomia de Santarém que falamos, aventuramo-nos a apresentar aos deuses um itinerário vinícola ribatejano, onde poderão apreciar os bons vinhos produzidos na lezíria, na charneca e na zona de bairro.

Os tintos DOC, provenientes de castas tradicionais da região, como a Trincadeira e a Castelão e de outras castas nobres, como a Touriga Nacional, a Cabernet Sauvignon ou a Merlot. Os brancos, da casta Fernão Pires e, não raras vezes, completados com castas típicas da região, como a Arinto, a Tália, a Trincadeira das Pratas e a Vital ou, ainda, a internacional Chardonnay.

A acompanhar uma gastronomia para ser apreciada ao longo de todo o ano, em variadíssimas condições e com especiais companhias, consegue-se visitar um vasto número de adegas e casas agrícolas, nas várias sub-regiões da Denominação de Origem do Ribatejo (Almeirim, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Santarém e Tomar), onde produtores e enólogos se esmeram para conceber o que de melhor há em vinho.

Sem esgotar o leque das possíveis e com desculpa às omitidas (não por falta de admiração), lembramos apenas algumas das boas adegas do Ribatejo. A sul do Tejo, começamos em Benavente, pela Companhia das Lezírias, para seguirmos à Casa Agrícola Monte Real em Salvaterra de Magos. Na região de Almeirim as, Casa Cadaval, Fiúza & Bright (também em Alcanhões, Romeira e Azambuja), Casal Branco, Quinta do Casal Monteiro, Quinta da Alorna e Falua. Em Alpiarça, a Sociedade Agrícola da Quinta da Lagoalva de Cima, a Casa Agrícola Paciência e a Pinhal da Torre.

Atravessado o Tejo, podemos visitar, mais a sul, a Sociedade Agrícola de Vale de Fornos, em Azambuja e a Vale d’Algares, no Cartaxo. Mais a norte, a Quinta de S. João Batista, em Torres Novas, a Quinta do Coro e a Quinta Vale do Armo, no Sardoal e a Encosta do Sobral em Tomar. Mais a oeste, em Rio Maior, a Sociedade Agrícola João Teodósio Matos Barbosa e Filhos.

Para além de diversas adegas cooperativas que, sem dúvida, muito contribuem para o desenvolvimento vitivinícola ribatejano - e nacional -, fazemos ainda especial referência à adega da Escola Superior Agrária de Santarém, com excelentes vinhos, produzidos sob o mando dos alunos da escola, fazendo honra ao seu percurso estudantil.

Com tantos produtores ribatejanos, vinhos bons há muitos, vários premiados e para todos os gostos, por mais requintados e exigentes que se imponham. Os deuses que escolham…

Uma escolha nada fácil

Levado pelo desejo do tão delicioso néctar ribatejano, não queria ficar de mãos a abanar ou, melhor dizendo, de garganta seca. Então, fui à procura.

A uma distância que ronda os 5.800 km (em linha reta porque por via terrestre parece que serão à volta de 16.700 km ou, a cerca de 3.591 milhas, se for de avião ou, ainda, 3.120 milhas náuticas, se for de barco), acabei por encontrar um vasto leque de vinhos ribatejanos: o Quinta da Lagoalva Tinto Reserva 2010, o Vale D’Algares Selection Tinto 2007 e o Guarda Rios Branco 2006.

Numa Boutique Alimentar situada numa zona nobre da cidade de Luanda, o Miramar, pode-se escolher vários vinhos tintos ribatejanos de grande qualidade. Da Quinta de S. João Batista, os QSJB Reserva Syrah 2007, 2009 e 2010, QSJB 2008 (Special Selection), das Caves Velhas o Serradayres Reserva 2010 e o Serradayres Reserva 2012. Ainda, o Casaleiro Reserva 2010 e o Casaleiro Reserva 2011 (Enoport), o Faces 2008 (Pinhal da Torre), o Conde de Vimioso Colheita Selecionada 2010 (Falua) e o Encosta do Sobral Reserva 2005.

À gerente da Boutique, a D. Helena Gomes, uma nota especial de agradecimento, pelo carinho que me dispensou na procura dos vinhos.

Sendo o toiro bravo um dos símbolos da lezíria ribatejana, acabei por escolher o Cabeça de Toiro Reserva 2009. Qualquer surpresa, se fosse o caso, só podia ser agradável. Um vinho das Caves Velhas, produzido (diz no contra rótulo) “a partir das mais emblemáticas castas portuguesas Touriga Nacional (50%) e Castelão (50%), estagiou 9 meses em barricas novas de carvalho Francês enaltecendo a sua intensidade e complexidade. Apresenta cor granada bem definida, aroma intenso e sabor pujante, envolvente e harmonioso.”
E como nem só de vinho vive o homem (alguns é quase), acompanhei-o com um chouriço tradicional de vinho da Quinta Jugais, da Serra da Estrela e uma broa de milho, fabrico angolano.

Despeço-me com um brinde e o forte desejo de nos encontrarmos todos no 33º Festival Nacional de Gastronomia de Santarém.

À vossa saúde!

JB

Setembro | 2013


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